A decisão foi anunciada no Fórum Empresarial Angola-Zâmbia, onde os pelouros da Indústria e Comércio dos dois países concluíram que a implementação do acordo resultou limitada pelos efeitos das restrições adoptadas para conter a propagação da pandemia da Covid-19.
A proposta da criação do grupo técnico foi apresentada pelo ministro da Indústria e Comércio de Angola, Victor Fernandes, recebendo a imediata concordância do seu homólogo zâmbiano, Chipoka Nulenga, com aprovação unânime dos membros das duas delegações.
Um relatório sobre as trocas comerciais analisado durante o encontro, aponta para a estagnação na aplicação do acordo, com as trocas bilaterais a assinalarem uma evolução pautada pela inexistência de grandes fluxos de pessoas e mercadorias.
Na parte angolana, a equipa será dirigida pelo secretário de Estado para o Comércio, Amadeu Nunes, coadjuvado por altos funcionários do pelouro, além de quadros dos ministérios da Economia e Planeamento, das Finanças, Relações Exteriores e empresários, mas, por enquanto, não são conhecidos os representantes zambianos.
O ministro Victor Fernandes disse que a constituição do grupo técnico representa uma adenda do Acordo Comercial Bilateral, tendo como propósito dar “nova dinâmica às economias dos dois países dotados de elevado potencial nos diferentes domínios e não explorados devido a factores facilmente ultrapassáveis, como a construção de novas estradas e exploração do Corredor do Lobito”.
De acordo com Victor Fernandes, o facto de Angola e a Zâmbia partilharem uma longa fronteira, com povos com a mesma cultura e a existência de recursos, é um indicador da prevalência de que as oportunidades de negócios de vulto, pelo que as partes decidiram rever o Acordo Comercial e fazer uma adenda que, em seu entender, “servirá para virar a página e escrever uma nova história com benefícios nos dois lados”.
“A Zâmbia tem uma indústria agro-pecuária desenvolvida, sobretudo no domínio dos cereais, com particular destaque para a produção do milho e outros grãos de amplo consumo e Angola procura desenvolver-se neste sector, sendo a proximidade da classe empresarial que vai impulsionar todo processo. O que fizemos foi criar uma equipa técnica para criar condições para que isso aconteça o mais breve”, disse o ministro.
Victor Fernandes apelou, ainda, os potenciais investidores zambianos a explorarem as oportunidades de investimento nos sectores Agro-pecuária, Florestas, Pescas, Recursos Minerais, Indústria Têxtil, Petroquímica, Tecnologias de Informação, Transportes e Energia, na perspectiva da obtenção de rendimentos e geração de emprego.
O ministro da Indústria e Comércio da Zâmbia, Chipoka Malenga, disse que o reforço das relações entre Angola e a Zâmbia deve vir a ser um exemplo paradigmático para todo o continente, em função dos recursos naturais que os dois Estados podem colocar ao serviço do desenvolvimento conjunto.
“Em seis anos , perdemos muito dinheiro e não podemos permitir que continuemos a perder por falta de trocas comerciais. Angola tem das maiores reservas de petróleo bruto, tem um mar rico em peixe, tem muitas coisas que vende para a Europa e Ásia, quando a Zâmbia também precisa de comprar estes produtos. A Zâmbia também dispõe de muitos produtos, como gado, frangos, cereais e toda cadeia de valor que podem ser exportados para Angola”, apontou.
Angola e a Zâmbia partilham a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), onde está a ser aplicado um Protocolo Comercial para assegurar um crescimento económico e inclusivo sustentável, através da criação de um mercado regional mais alargado, e melhorar a integração de África na economia global.
Fonte: JA