Antes de cortar a fita inaugural e visitar as principais áreas de serviço do novo hospital, o Chefe de Estado, ladeado da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, assistiu ao vídeo que retrata, ao pormenor, todo o processo de construção do novo empreendimento social, pela empresa portuguesa “Mota Engil”, numa área total de 50 mil metros quadrados.
A cerimónia também foi testemunhada pelos ministros de Estado Francisco Furtado, Adão de Almeida e Carolina Cerqueira, além de membros dos Governos central e local, autoridades tradicionais e religiosas.
A nova unidade hospitalar, localizada na aldeia Chibodo II, arredores da cidade de Cabinda, é a primeira de terceiro nível, fora de Luanda, comparado ao Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares D. Alexandre do Nascimento.
Em declarações à imprensa, no final da inauguração e da visita de três horas ao hospital, o Presidente disse ter ficado com a impressão de que “os dinheiros públicos estão a ser bem gastos”.
João Lourenço considerou a construção da nova infra-estrutura hospitalar como um ganho para a população da parcela do território descontinuado fisicamente do resto do território, salientando que a situação colocava as populações e o resto do país com algumas dificuldades.
Indicou que, perante tais dificuldades, os cidadãos da província de Cabinda procuravam serviços médicos em outras paragens como Luanda, até mesmo nos países vizinhos. “Esta unidade vem para dar solução a este problema e espero que os profissionais de Saúde e os utentes deste hospital deiam o melhor tratamento possível”, exortou.
Ao longo do seu discurso de boas-vindas, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, referiu que o novo hospital, em termos de modernização e qualidade de prestação de serviços, dará “melhor resposta” às necessidades de assistência médica aos cidadãos.
“Trata-se de uma infra-estrutura hospitalar, que pelas suas características e valências configura em mais um exemplo no processo de fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou a ministra, acrescentando que a nova unidade contribuirá na prevenção, tratamento, investigação científica das doenças tropicais, formação de quadros, e redução das desigualdades de acesso dos cidadãos aos cuidados humanizados de saúde.
Serviços de hemodiálise
Sílvia Lutucuta indicou que o Hospital Geral de Cabinda está preparado para prestar serviços em 22 especialidades, com destaque para neonatologia, urgências, traumatologia, anatomia patológica, hematologia, endoscopia e laboratórios com equipamentos de alto nível para diagnósticos de diversas patologias.
A ministra da Saúde também disse que a nova unidade hospitalar também possui serviços de hemodiálises (20 camas), que farão com que muitos cidadãos residentes na região mais ao norte do país deixem de recorrer a este tipo de assistência noutras localidades do país e no exterior.
Sublinhou que serão obtidos “enormes ganhos”, com a reversão do número de pacientes com necessidades de evacuação para o exterior.
Exames de ressonância magnética, TAC, mamografia, eletroencefalograma, eletromiografia, otorrino e laringologia, também passam a ser realizados no Hospital Geral de Cabinda, que conta com 771 profissionais dos 1.250 previstos. Entre os profissionais, 95 são médicos e 502 enfermeiros, além de 98 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 60 de apoio hospitalar e 16 do regime geral.
A governante disse que era “imprescindível” a construção de uma infra-estrutura hospitalar do género em Cabinda, com serviços diferenciados, uma vez que a província dispõe apenas de um hospital provincial, cuja capacidade de resposta precisava ser reforçada.
Sílvia Lutucuta prometeu implementar “novos modelos” de gestão nas diferentes unidades hospitalares do país, sobretudo para evitar a degradação e facilitar a manutenção e conservação das infra-estruturas.
“Também vamos mobilizar outras fontes de financiamento, que não sejam apenas do OGE, com parcerias seguras, com vista à criação de condições, permitindo aos cidadãos, independentemente do seu extracto social, beneficiarem de cuidados médicos de referência e alta complexidade”, afirmou.
O Ministério da Saúde, indicou, também está comprometido com a formação de quadros e investigação científica das doenças tropicais frequentes no país. Anunciou, com efeito, a criação de sinergias com instituições congéneres dos sectores público e privado, que prestam serviços de saúde de qualidade e humanizados, com vista à partilha de conhecimentos e edificação de um sistema de saúde capaz de solucionar as necessidades dos cidadãos.
Sílvia Lutucuta apelou à “utilização adequada” dos recursos disponíveis, salientando que a medida “constitui um imperativo ético”, quer para os utilizadores, quer para os profissionais de saúde da nova unidade hospitalar ontem inaugurada.
Governador fala em “passo gigantesco”
Para o governador de Cabinda, Marcos Nhunga, com a inauguração do novo hospital foi dado um “passo gigantesco” na melhoria da assistência médica dos cidadãos da região mais ao norte do país e não só.
“Nunca Cabinda ganhou uma unidade desta dimensão”, afirmou o governador, acrescentando que, com o novo hospital, os cidadãos de Cabinda vão poupar dinheiro e deixar de efectuar “viagens arriscadas” para o estrangeiro, à procura de tratamento de várias doenças que os apoquentam. Marcos Nhunga disse ter acabado, igualmente, “o triste cenário de ver famílias a viajar para o exterior à busca de soluções para a sua saúde”.
Terminal Marítimo é inaugurado hoje
No cumprimento do programa de trabalho à província de Cabinda, o Chefe de Estado inaugura, hoje, o Terminal Marítimo de Passageiros de Cabinda, que vai permitir a ligação marítima entre esta cidade e as do Soyo e Luanda, através de embarcações do tipo catamarãs. O Presidente da República também deve visitar, hoje, o projecto de plataforma petrolífera de Lifua, no campo petrolífero de Malongo.
Ao encerrar a jornada de trabalho de ontem, João Lourenço concedeu audiências a representantes da sociedade civil, com destaque para líderes eclesiásticos e autoridades tradicionais.
Amanhã, nas vestes de presidente do MPLA, preside a um acto político de massas, no Estádio do Tafe.
Fonte: JA