Um total de duas mil pessoas foi formado, durante seis anos, em matéria de Gestão Florestal, pelo Ministério do Ambiente, no quadro do projecto “Promoção do carvão vegetal sustentável em Angola através de uma abordagem da cadeia de valor”, informou, ontem, a assistente de coordenação da iniciativa.
Luna Fortunato adiantou ainda que o projecto, criado para ajudar na redução das emissões dos gases de efeito estufa, já está implementado nas províncias de Luanda, Huambo e Cuanza-Sul. “A população corta as árvores de forma desordenada para produzir o carvão, o que prejudica a floresta”, afirmou.
Para combater esse problema ambiental, adiantou, a Direcção Nacional de Acção Climática e Desenvolvimento Sustentável, em colaboração com a Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), a Faculdade de Ciências Agrárias, a Universidade José Eduardo dos Santos, o Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP) e o Instituto de Desenvolvimento Florestal, estão a trabalhar para uma boa gestão ambiental.
“Os parceiros estão no campo a ensinar às comunidades técnicas para o melhoramento da florestação, de forma que quem cortar uma árvore plante dez mais”, disse, acrescentando que foram realizadas actividades em mais de 40 aldeias, num total de mais de 35.000 habitantes, de diferentes comunidades, entre as quais 32 por cento eram mulheres.
As actividades de formação nas comunidades, disse, incluem a criação de métodos mais sustentáveis para a exploração madeireira, para produção de carvão vegetal mais eficientes em fornos, a replantação, assim como a obtenção de rendimentos alternativos, através da apicultura e plantação de árvores de frutas para a produção de marmeladas.
Fogareiros melhorados
A assistente de coordenação do projecto “Promoção do carvão vegetal sustentável em Angola” disse que, nos últimos anos, mais de 10 mil fogareiros melhorados foram fabricados para ajudar na redução das emissões dos gases de efeito estufa. “O fogareiro melhorado é considerado amigo do ambiente e é feito com uma tecnologia para a redução de emissões dos gases de efeito estufa”, explicou Luna Fortunato.
O forno melhorado, acrescentou, possibilita a criação do carvão vegetal sustentável, feito a partir de técnicas que não prejudicam o ambiente. “O carvão vegetal sustentável não é feito no forno tradicional. O projecto facilita no treinamento e obtenção de novas técnicas para a produção do carvão em fornos com chaminés, criados para a redução das emissões de efeito estufa”, disse.
Iniciativas para garantir o sustento das famílias
De acordo com Luna Fortunato, as mulheres, nas províncias do Huambo, Luanda e Cuanza-Sul, têm sido incluídas dentro da cadeia de valor da produção de carvão para o próprio sustento. “Temos trabalhado muito na inclusão das mulheres dentro da cadeia de valor, não só do carvão, mas de tudo que a floresta pode dar”.
As mulheres incluídas no projecto, avançou, têm recebido, também, formação sobre como melhorar a produção de mel. “Cedemos algumas colmeias melhoradas para a produção de mel”, referiu, além de explicar que têm ensinado os criadores a evitarem o uso dos produtos não madeireiros, através da apicultura. “Eles têm aprendido, igualmente, como usar frutas como loengo, morango e mamão para a produção de marmelada. É um meio de sustento das famílias e também de evitar o corte constante de árvores para a produção de carvão e a obtenção de lucros”.
A colaboração com alguns parceiros, realçou, tem permitido a materialização de certos projectos. Um exemplo, apontou, é a formação de jovens, na área de serralharia, de forma a conseguirem o próprio sustento, por meio dos fogareiros melhorados.
O projecto está a ser implementado pela Direcção Nacional do Ambiente e Acção Climática, do Ministério do Ambiente, em colaboração com o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente.