O ministro de Estado para Coordenação Económica, José de Lima Massano, participa de hoje a quinta-feira, na 15ª Cimeira do BRICS, que decorre em Joanesburgo, na África do Sul, em representação do Presidente da República, João Lourenço.
À chegada, ontem, ao Aeroporto Internacional Oliver Tambo, o ministro de Estado recebeu cumprimentos de boas-vindas do embaixador extraordinário e plenipotenciário de Angola na África do Sul, Rui Orlando Ferreira Xavier, e de altos funcionários da Missão Diplomática. Acompanham José de Lima Massano na Cimeira do BRICS (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o secretário de Estado para Cooperação Internacional, Domingos Vieira Lopes, e outos representantes institucionais.
Líderes chegam à África do Sul
O Presidente da República Federativa do Brasil, Lula da Silva, foi o primeiro líder do BRICS a chegar, ontem, à cidade de Joanesburgo, para participar da Cimeira, a primeira a ser realizada de forma presencial depois da pandemia da Covid-19 e a terceira na África do Sul.
O Chefe de Estado chinês, Xi Jinping foi o segundo estadista a desembarcar na cidade, ontem, para participar do evento. Já o Primeiro-Ministro da Índia, Narendra Modi, chega hoje a Joanesburgo.
Em relação à ausência do líder russo, Vladimir Putin, a Presidência sul-africana informou, ao longo do mês de Julho último, que não haveria de estar presente na 15ª Cimeira do BRICS, numa decisão tomada “de comum acordo” entre os dois países, com o líder russo a participar de form remota, por videoconferência.
O Presidente russo, que será representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, tem um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra ligados à Operação MIlitar Especial na Ucrânia. Como membro do TPI, a África do Sul seria obrigada a deter Vladimir Putin, caso comparecesse à Cimeira.
Mais de 30 Chefes de Estado e de Governo de África participam na Cimeira, além do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, segundo avançam as autoridades da África do Sul.
Adesões e moeda comum dominam o encontro
A entrada de novos países nos BRICS, alternativa de uma nova moeda para as transacções internacionais, bem como questões ligadas ao Novo Banco de Desenvolvimento (braço financeiro dos BRICS) são temas fortes que vão dominar a cimeira.
Quanto às trocas comerciais, o bloco tem discutido sobre formas de contornar a utilização do dólar e do euro como moedas de referências, sendo que dois dos membros, nomeadamente, Brasil e a China concluíram no princípio deste ano um acordo bilateral para a realização das trocas comerciais serem efectuadas nas respectivas moedas.
Dados mais recentes indicam que o Produto Interno Bruto do BRICS atingiu 25,9 triliões de dólares em 2022. O valor global produzido pelos cinco países no ano passado representa 25,5% da actividade económica global, num total de 3,23 mil milhões de habitantes, o que representa 40,7 por cento da população mundial.
Em relação à expansão do bloco, cerca de 40 países, dentre os quais o Irão, a Argentina, o Bangladesh, a Arábia Saudita, a Argélia, o Egipto e a Etiópia, mostraram interesse em integrar o bloco, que juntos produzem um quarto das riquezas mundiais.
A África do Sul e o Brasil defendem a expansão do bloco regional dos BRICS. Contudo, mais de 20 países aguardam formalmente o ingresso no BRICS e vários outros manifestaram interesse em fazer parte da Cimeira.
Primeira reunião do BRICS foi em 2009
A Cimeira do BRICS reuniu-se pela primeira vez em 2009 e estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, tendo incluído a África do Sul no ano seguinte.
O bloco ganhou importância no contexto da imposição de sanções contra a Rússia, visando isolar o país do comércio internacional, na sequência da guerra na Ucrânia, em Fevereiro do ano passado.
Os principais objectivos do BRICS são a cooperação económica, que busca promover o comércio e o investimento entre os países-membros, fortalecendo economias e aumentando a participação no comércio internacional, cooperação política, coordenar posições em questões globais, como segurança, meio ambiente, direitos humanos, e reforma das instituições financeiras internacionais e o desenvolvimento sustentável.