A China lançou hoje um porta-aviões de última geração, o primeiro deste tipo a ser projetado e construído, inteiramente, no país asiático, numa altura em que Pequim tenta ampliar o alcance e poder da sua marinha.
O porta-aviões Type 003, batizado de Fujian, partiu de um estaleiro nos arredores de Xangai e amarou num cais próximo, segundo a imprensa estatal.Equipado com a mais recente tecnologia de armamento e lançamento de aviões, acredita-se que as capacidades do Type 003 rivalizem com as dos porta-aviões ocidentais, já que Pequim busca atribuir à sua marinha capacidade de transporte multimodal.
“Este é um marco importante para o complexo industrial militar da China”, disse Ridzwan Rahmat, analista em assuntos de defesa, da unidade de análise Janes, com sede em Singapura. “Isto revela que os engenheiros chineses são agora capazes de fabricar o conjunto completo de combatentes de superfície associados à guerra naval moderna, incluindo corvetas, fragatas, contratorpedeiros, navios de assalto anfíbio e porta-aviões”, apontou.
O analista notou que “a capacidade de construir um navio de guerra muito complexo a partir do zero resultará inevitavelmente em vários produtos derivados e benefícios para a indústria de construção naval chinesa”.
O primeiro porta-aviões da China foi um navio soviético reaproveitado. O segundo foi construído na China, mas baseado também num projeto da antiga União Soviética.
Ambos foram construídos para empregar o chamado método de lançamento “salto de esqui”, com uma rampa no final da pista curta para ajudar os aviões a descolarem.
O Type 003 emprega o lançamento de catapulta – um sistema do tipo eletromagnético, como o que foi originalmente desenvolvido pela Marinha dos Estados Unidos.
O uso de uma catapulta significa que o navio pode lançar uma variedade maior de aeronaves, o que é necessário para a China projetar a sua força naval num alcance maior, disse Rahmat.
“Estas catapultas permitem que aeronaves desdobradas carreguem uma carga mais extensa de armas, além de tanques de combustível externos”, disse Rahmat.
A Marinha do Exército de Libertação Popular da China atravessa um período de modernização, visando converter-se numa força capaz de operar globalmente, em vez de ficar restrita às águas circundantes do continente chinês.
Os EUA vêm aumentando o seu foco na região, incluindo no Mar do Sul da China. A China reivindica a totalidade daquela região marítima, pela qual passam cerca de 5 biliões de dólares do comércio global, apesar dos protestos dos países vizinhos.
A Marinha dos EUA envia frequentemente navios de guerra para próximo das ilhas artificiais construídas pela China naquele mar, equipadas com pistas de pouso e outras instalações militares.
No relatório entregue ao Congresso dos EUA, no ano passado, sobre as capacidades militares da China, o Departamento de Defesa afirmou que o programa de desenvolvimento de porta-aviões é fundamental para converter a marinha chinesa numa força global, “estendendo gradualmente o seu alcance operacional além do Leste Asiático, numa capacidade sustentada para operar em intervalos cada vez mais longos”.
Os “porta-aviões da China e aqueles que o país tem planeados, uma vez operacionais, vão estender a cobertura da defesa aérea além do alcance dos sistemas de mísseis costeiros e de bordo, e permitirão operações de grupos, em distâncias cada vez maiores”, disse o Departamento de Defesa.
Nos últimos anos, a China expandiu a sua presença no Oceano Índico, no Pacífico Ocidental e estabeleceu a sua primeira base militar no exterior no Djibuti, no Corno de África.
Também assinou recentemente um acordo de segurança com as Ilhas Salomão que muitos temem que possa dar às Forças Armadas chinesas um posto avançado no Pacífico Sul.
O país está a trabalhar com o Camboja na expansão de uma instalação portuária, que pode dar-lhe uma presença no Golfo da Tailândia.
Fonte: NM