Na corrida pela supremacia quântica no mundo, o Google acabou de dar um passo gigantesco, ao anunciar que seu novo modelo de computador. Chamado Sycamore, é capaz de realizar cálculos instantâneos que levariam 47 anos se realizado pelo supercomputador mais poderoso do mundo actualmente (o Frontier, do Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos EUA).
De acordo com um artigo hospedado por pesquisadores de Inteligência Artificial do Google no repositório online de artigos científicos arXiv, o Sycamore tem um total de 70 qubits operacionais. Similares aos valores 0 ou 1 dos computadores clássicos, os qubits permitem a superposição desses dois elementos, resultando em uma execução de cálculos exponencialmente mais rápidos.
Há quatro anos, o Google já havia anunciado ter alcançado a “supremacia quântica”, ou seja, uma fronteira na qual um computador quântico supera qualquer máquina existente. Isso foi contestado na época, mas o novo artigo revela um dispositivo mais poderoso; enquanto a máquina de 2019 superava o Frontier em 6,18 segundos, o Syracuse cravou 47,2 anos.
Para comprovar sua hipótese de supremacia quântica, a equipe do Google trabalhou com um benchmark sintético chamado Amostragem de Circuitos Aleatórios (RCS) que permite identificar “fases distintas impulsionada pela interacção entre dinâmica quântica e ruído”, diz o artigo. O ruído quântico é um desafio presente na operação desse tipo de dispositivo e diz respeito a incertezas e fragilidades próprias de um computador quânticos.
Lidar com esse ruído para garantir que os estados dos qubits sejam correctamente registados é essencial para o funcionamento dessas máquinas. Conforme o CEO da empresa quântica Riverlane, Steve Brierley, que desenvolve o sistema operacional para computadores quânticos Deltaflow.OS: “A disputa sobre se alcançamos, ou de facto poderíamos alcançar, a supremacia quântica está agora resolvida”, disse ele ao The Telegraph.
Com isso definido, o próximo passo é que esses dispositivos quânticos comecem a demonstrar funções mais práticas. Também falando à publicação britânica, o CEO da start-up Universal Quantum, Sebastian Weidt, lembra que o sucesso da demonstração inaugura uma era em que “computadores quânticos […] realmente comecem a agregar valor à sociedade de uma forma que os computadores clássicos nunca serão capazes”.