Ao longo da semana passada, segundo a Reuters, houve demonstrações de ressentimento contra os imigrantes ilegais vindos de países vizinhos em várias cidades sul-africanas.
São comuns os incidentes violentos, tendo-se registado o linchamento e imolação de um jovem do Zimbabwe por parte de uma multidão enraivecida na vila de Diepsloot, a Norte de Joanesburgo.
“Vimos pessoas interpeladas na rua por simples cidadãos e forçadas a mostrar os seus documentos de identidade para justificar o seu estatuto”, assinalou o Presidente Ramaphosa, na sua nota de imprensa semanal, citada pela AFP. O Chefe de Estado sublinhou: “Era assim que operavam os opressores do apartheid”. A nota de imprensa prossegue descrevendo como os negros eram suspeitos por definição e detidos pela Polícia quando se encontravam em zonas ditas “brancas”, sendo obrigados a mostrar um documento que comprovava a sua livre circulação, cuja ausência significava prisão. “Não podemos deixar estas injustiças reproduzirem-se”, referiu o Presidente, invocando a morte trágica de sete sul-africanos em Diepsloot, motivo da vaga de manifestações.
Cyril Ramaphosa avisou: “hoje, a nossa raiva é dirigida contra os cidadãos do Zimbabwe, Moçambique, Nigéria ou Paquistão. Amanhã, a nossa raiva pode ser dirigida a nós mesmos”. Segundo o Presidente, “atacar suspeitos de um crime só porque são estrangeiros é imoral, racista e criminoso”. No domingo, centenas de membros do grupo “Operação Dudula” marcharam nas ruas de Durban exigindo que o Governo tome medidas fortes para lidar com o alto número de imigrantes ilegais na África do Sul. Segundo a Efe, os manifestantes cantaram e entoaram slogans anti-imigrantes, sob o olhar atento da Polícia, concentrando-se junto à esquadra de Point Police, onde entregaram um memorando com as suas exigências.