O escritor e académico Luís Kandjimbo participou em Rabat, Marrocos, no colóquio “Os dolorosos dilemas fronteiriços de África”, no âmbito da 38ª sessão da Universidade Aberta Al Muatamid Ibn Abbad, adstrita à Assilah Forum Foundation.
No certame, realizado sob alto patrocínio do Rei Mohamed VI, Luís Kandjimbo esteve no painel “Integração africana: oportunidades e desafios futuros” com a comunicação “Para uma geofilosofia africana da glossobalcanização”.
Depois de se debruçar sobre os fundamentos filosóficos das fronteiras em África, o intelectual angolano definiu o neologismo glossobalcanização como o “processo levado a cabo pelos Estados que consiste na marginalização das línguas naturais africanas, analisando-se através da sua exclusão, fragmentação territorial das comunidades e instauração de fronteiras como processos não-endógenos”.
Deste modo, segundo Kandjimbo, “as populações, vítimas dessa artificial ou exógena fragmentação territorial, adoptam comportamentos que em determinadas circunstâncias culminam com respostas de natureza cultural e política”.
A sua definição de glossobalcanização, segundo o próprio, assenta em três elementos, a saber: “o campo de referentes que é constituído pela totalidade das línguas naturais africanas marginalizadas pelo Estado e línguas europeias adoptadas como oficiais”.
As propriedades estruturantes das línguas naturais africanas que permitem identificá-las como sistemas linguísticos coexistentes”; e, finalmente, “o reconhecimento do sentido agonístico da exclusão das línguas, da fragmentação das comunidades e da delimitação das fronteiras como processos não-endógenos”.
Os painéis sobre os quais se organizou o debate foram “Geopolítica colonial e questões estratégicas actuais”, “Integração africana: oportunidades e desafios futuros”, “Fronteiras, segurança e comércio livre em África” e “Governação Política e parceria regional: requisitos e prioridades”. Participaram no colóquio líderes políticos, académicos e investigadores de vários países africanos.