O Reino da Bélgica reconheceu os avanços registados em Angola, nos últimos tempos, no que diz respeito à igualdade de género, uma política promovida pelo Presidente da República, João Lourenço, para dar mais espaço às mulheres em vários sectores da sociedade angolana.
O reconhecimento foi feito, ontem, em Luanda, pelo embaixador extraordinário e plenipotenciário do Reino da Bélgica em fim de missão no país, Jozef Smets, no final de uma audiência com o estadista angolano, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta.
Jozef Smets, que foi à Cidade Alta para apresentar os cumprimentos de despedida ao Presidente João Lourenço, disse que os resultados em relação a esta política estão bem visíveis.
“Não se trata só de palavra, mas, sim, de uma política, e os resultados podem ser vistos a todos os níveis”, destacou o diplomata belga, cuja missão no país começou em Setembro de 2019.
Jozef Smets fez saber, ainda, que o encontro permitiu, também, passar em revista o estado da cooperação entre os dois países nos últimos quatro anos. “Foi um privilégio poder conversar com o Presidente da República sobre as fases da nossa relação bilateral”, realçou.
Sobre este particular, o embaixador do Reino da Bélgica, em fim de missão, disse terem falado dos diferentes sectores em que os dois países estão a trabalhar juntos, como o Portuário, Ferroviário e Diamantífero.
Ainda no quadro da cooperação entre os dois países, revelou haver dois projectos por concluir, sendo que o primeiro da elaboração de uma Estratégia Nacional Portuária Angolana, que prevê a vinda ao país de técnicos ligados ao Porto de Antuérpia, o segundo maior da Europa, para partilha de conhecimento sobre como fazer, por exemplo, de um porto um pólo de desenvolvimento.
De acordo com Jozef Smets, o segundo projecto passa pela transferência do centro de formação de pessoal do sector Portuário, de modo a fazer dele um espaço de formação com vocação regional, que permitiria aos países vizinhos formarem nele os quadros.
Outro assunto que dominou a audiência, segundo deu a conhecer o diplomata belga, foi a diplomacia angolana virada para a paz e segurança no Leste da República Democrática do Congo (RDC).
“É um privilégio, para nós os belgas, ouvir as análises de um Chefe de Estado mandatado pela União Africana para actuar neste contexto”, frisou o diplomata belga, para quem a audiência permitiu a troca de ideias.
Novo embaixador
Jozef Smets adiantou que o sucessor deve chegar ao país em Agosto. Trata-se do actual enviado especial da Bélgica para a Região dos Grandes Lagos.
“Ele conhece a região e tenho a confiança de que este diálogo intenso positivo com a Bélgica e Angola vai continuar”, aclarou.
As exportações de Angola para Bélgica atingiram, no ano passado, de acordo com Jozef Smets, o valor de 600 milhões de euros, enquanto da Bélgica para Angola foi a metade deste valor. “Angola exporta mais para a Bélgica do que a Bélgica para Angola”, concluiu.
Cruz Vermelha em Angola
Numa outra audiência, o Chefe de Estado recebeu a presidente da Cruz Vermelha de Angola, Delfina Comandala, com quem conversou sobre o actual estado da instituição.
À saída do encontro, Delfina Comandala, no início do mandato, esclareceu que a visita, de cortesia, permitiu apresentar ao Chefe de Estado, na qualidade de presidente honorário da Cruz Vermelha de Angola, os problemas, avanços e retrocessos da instituição.
Entre os vários problemas com os quais a Cruz Vermelha de Angola se bate, Delfina Comandala apontou a falta de salário dos funcionários e a situação ligada a alguns patrimónios, que disse terem sido “abocanhados” por pessoas estranhas à organização.
“Como sabem, quando a Cruz Vermelha Portuguesa deixou Angola, passou todo o património para a Cruz Vermelha de Angola. O que se passou, durante os anos, é que este património foi abocanhado por pessoas estranhas à organização”, denunciou a responsável que escolheu o combate à seca no Sul de Angola como uma das prioridades do seu consulado.