A Rússia anunciou a suspensão da sua participação no acordo mediado pelas Nações Unidas que permitia a exportação de cereais da Ucrânia, depois de Moscovo ter acusado Kiev da autoria de um ataque à frota russa na Crimeia.
“Esta madrugada e manhã ocorreu o maior ataque de ‘drones’ [aparelhos voadores não tripulados] e veículos de superfície pilotados remotamente nas águas da baía de Sebastopol na história” do conflito, disse o governador pró-russo da cidade de Sebastopol, na Crimeia, Mikhail Razvojayev, citado pela agência noticiosa estatal russa TASS.
Algumas instalações militares e civis na Crimeia já foram alvejadas várias vezes nos últimos meses. Entretanto, em Moscovo, o Ministério russo da Defesa responsabilizou a Ucrânia e o Reino Unido pelo “intenso ataque” com ‘drones’, que, no entanto, “causou danos menores” num dos navios, um caça-minas Ivan Goloubets, bem como na barragem de contenção da baía de Sebastopol.
“A preparação para este ato terrorista e o treino dos militares do 73º centro ucraniano para operações marítimas especiais foram realizados por especialistas britânicos baseados em Ochakov, na região de Mykolaiv, na Ucrânia”, afirmou o Ministério russo da Defesa na rede social Telegram.
Segundo Moscovo, o ataque envolveu “nove veículos aéreos não tripulados e sete drones marítimos autónomos” e visavam atingir navios que participam na proteção dos cargueiros responsáveis pela exportação de cereais ucranianos.
Ucrânia acusa Rússia de fingir ‘ataques terroristas’
O chefe de gabinete do presidente ucraniano acusou a Rússia de “chantagem” e de “inventar ataques terroristas” no seu próprio território, após as explosões na Crimeia.
Já a ONU afirma estar em contacto com as autoridades russas, após o anúncio de suspensão do acordo de exportação de cereais ucranianos.
“É vital que todas as partes se abstenham de qualquer ação que coloque em risco a Iniciativa de Cereais do Mar Negro, que é um esforço humanitário que está claramente a ter um impacto positivo no acesso a alimentos para milhões de pessoas em todo o mundo”, disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric.